16/04/2010 :: Duas gerações, dois olhares e uma só direção

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2010-04-16

Duas gerações, dois olhares e uma só direção


Como as organizações estão cada dia mais buscando vantagem competitiva e diferenciação, é interessante que elas entendam e conheçam os perfis de profissionais que estão disponíveis no mercado, analisem como podem se beneficiar com a contratação deles e como construir equipes de trabalho com estes profissionais, promovendo resultados significativos para elas.

O mundo corporativo americano tem registrado a entrada de profissionais jovens, entre 20 e 30 anos, com grande potencial de liderança, ambiciosos, que buscam dedicar-se a projetos que representem suas causas, reconhecimento e evolução rápida na carreira. Ao mesmo tempo, não lidam bem com restrições e se pautam pelo imediatismo. Estes profissionais estão sendo chamados de geração Y.

Para Rosseto (2009), as organizações brasileiras têm se esforçado e realizam centenas de análises para descobrir quais são os melhores métodos para atrair e reter os talentos desta safra. Mas, não fizeram ainda um estudo para avaliar se no Brasil existem profissionais da geração Y, da mesma forma que há nos EUA.

Diante deste cenário, percebe-se que o mercado de trabalho brasileiro começa também a discutir e conhecer dois tipos de geração de profissionais: a geração X e a geração Y. O autor Drucker (1999) aponta que a geração X é formada pelos profissionais nascidos entre os anos de 1962 a 1977 e a geração Y é composta pelos jovens nascidos a partir dos anos 80.

Segundo Teixeira (2009), a geração X é formada por profissionais cujas carreiras foram construídas após muitos anos de trabalho e dentro de uma mesma organização. Estes profissionais, na maioria dos casos, cresceram junto com as organizações em que trabalham e acabaram por criar raízes. Prezam a segurança do emprego e para garantirem este vínculo, acabam por deixar um pouco de lado a qualidade de vida e o convívio familiar, para se dedicarem à organização e à estabilidade financeira. Os profissionais da geração X são os pais dos profissionais da geração Y.

A geração Y é mais individualista, empreendedora e focada em realizações pessoais. Foi criada no mundo da tecnologia, são bastante ágeis, ousados, dedicados, movidos a desafios e capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Cresceram vendo a luta diária dos profissionais da geração X para se manterem em empregos onde eram pouco valorizados e presenciando a “ausência” dentro da família por causa do trabalho. Baseados nesta convivência, e pelo fato de terem acesso mais fácil aos estudos, passaram a exigir, em troca de seus conhecimentos e competências, reconhecimento e crescimento profissional aliado à qualidade de vida.

Em ambiente globalizado, onde o fluxo das informações é intenso, pode-se dizer que a geração Y ganha espaço. Sem dúvidas, o estilo dessa geração Y é “conexão 2.0”, bombardeada pelos iPhones, MSN, blogs e Orkut, que criam as redes sociais, virtuais, interligadas e antenadas a qualquer oscilação da informação. Essa informação passa a ter o poder de dar asas à imaginação no universo, tanto pessoal quanto profissional.

Diante disso, as organizações estão revendo as formas de contratações de seus profissionais e a própria retenção de talentos. Isso porque o perfil dos profissionais da geração Y não é escolhido pelas empresas, mas, ao contrário, eles é que decidem onde trabalhar. Há uma forte escolha naquilo que realmente faz sentido para sua trajetória profissional. Porém, são imediatistas, querem é "ver no que vai dar", gerando insegurança nos processos. Na ânsia de conseguirem um crescimento mais rápido, optam até mesmo por várias trocas de empresas (PINHEIRO; SOUZA, 2009).

Em seu último livro Grown Up Digital, Don Tapscott aconselha a não tentar mudar esta nova geração com o objetivo de acomodá-la ao ambiente da companhia, mas respeitar suas normas, que são oito: liberdade para trabalhar quando e onde desejarem; personalização (tudo é personalizável, do iPhone aos projetos de trabalho e às recompensas pelo bom desempenho); análise e exame minucioso (postura critica); integridade; colaboração; entretenimento; velocidade nas ações e nas respostas e inovação, buscando constantemente novas e diferentes maneiras de realizar seu trabalho. O autor ainda oferece um guia com sete passos que ajudará as organizações a criar sistemas de trabalho que estejam em conformidade com elas: repensar a autoridade; ser uma facilitadora; redesenhar a estratégia de recrutamento; redesenhar a estratégia de capacitação; tirar proveito das redes sociais, redefinindo os processos de gestão e o layout do escritório para facilitar o trabalho colaborativo; redesenhar a estratégia de retenção de talentos; liberar o poder dos jovens, escutando-os.

Então, dentro deste contexto onde se verifica uma tendência no crescimento da geração Y no mercado de trabalho e a necessidade de se ter profissionais preparados para gerenciá-la, e que podem ser da geração X, pode-se afirmar que está nascendo uma terceira geração no mercado de trabalho: a geração XY. O ideal é que as organizações tenham profissionais destas duas gerações, trabalhando juntos, convivendo de forma harmônica, com sinergia e respeito, com suas características e preenchendo as lacunas em prol do sucesso pessoal e profissional uma da outra. Desta forma ela estará realmente estimulando o trabalho em equipe e o aprendizado em grupo, além de mesclar seus funcionários, para que possam misturar também os comportamentos e competências de cada geração. Os mais novos aprendem com a experiência dos mais velhos, e os mais velhos aprendem com a garra e a motivação dos mais novos. Para Pinheiro e Souza (2009), é importante que os jovens profissionais da geração Y, tenham ao seu lado pessoas mais experientes, que façam a gestão do risco dos projetos, ressaltem detalhes que fujam à percepção menos apurada deles, sem tolher suas idéias.

As organizações brasileiras que souberem formatar este novo modelo de gestão estarão desenvolvendo novas políticas e práticas para a retenção de talentos, sendo sábias e criando seu próprio estilo de trabalho.

Referências:

PINHEIRO, André Luiz e SOUZA, Patrícia Ferreira - Geração X e Geração Y - O trabalho das duas gerações na Wyeth Indústria Farmacêutica Ltda, com matriz brasileira em São Paulo. Faculdade Senac de Minas Gerais - Núcleo de Pós-Graduação, 2009.

Revista HSM Management Maio - Junho de 2009 – Reportagem: Dossiê: 4 gerações em choque: como converter a diversidade em vantagem

ROSSETO, Fátima - Brasil: nem X, nem Y. Geração XY- HSM Online - 13/07/2009

TEIXEIRA, Amauri Dias. Geração X e geração Y...ou seria geração XY? Disponível em <www.artigonal.com/recursos-humanos-artigos/geracao-x-e-geracao-you-seria-geracao-xy-1115411.htm>l. Publicado em: 10 agosto 2009.

 

 

 

 

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