27/03/2011 :: A questão sucessória de mãos dadas com a carreira

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2011-03-27

A questão sucessória de mãos dadas com a carreira

Segundo Dutra (2010), o processo sucessório vem sendo estruturado nas organizações e se tornando cada vez mais importante. Afinal, as empresas não podem colocar o negócio ou a estratégia em risco por falta de pessoas preparadas para assumir posições críticas na liderança ou na área técnica. Portanto, esse assunto é considerado complexo, porque envolve expectativas das pessoas em relação ao desenvolvimento e à carreira. Sendo assim, de acordo com o autor acima citado, as organizações precisam lidar com o processo sucessório de maneira aberta e transparente, e ao mesmo tempo, sem gerar falsas esperanças e ressentimentos.

Neste artigo pretende-se apresentar um exemplo de profissional que procurou o aconselhamento de carreira, por ter sido convidado pela organização que ele está inserido atualmente, para assumir uma posição gerencial. Entende-se que esta questão pode ser observada sob diferentes aspectos, porque quando um profissional deixa uma posição técnica ou funcional para se tornar um gerente, está efetuando uma transição de carreira. Dutra (2010) explica que, ser gerente se caracteriza atuar na “arena política” da organização, por ter que obter resultados tendo que disputar com seus pares os recursos humanos, tecnológicos e financeiros disponibilizados pela organização. Por isso, nem sempre um bom profissional técnico ou funcional tem perfil para atuar nesta “arena política”.

Ainda segundo Dutra (2010), como no processo sucessório é muito difícil identificar esse profissional, o ideal é criar condições para prepará-lo e colocá-lo em situações que exijam traquejo político, para posteriormente analisar sua atuação. Um gerente da organização aqui citada como exemplo, aproveitou de uma oportunidade fora de Minas Gerais, com ótima remuneração e foi buscar novos desafios. Esse cargo ficou disponível por alguns meses até que o diretor chamou quatro técnicos e ofereceu a vaga para eles. A proposta que a organização ofereceu para cada profissional foi gerenciar essa área no período de três meses e no final desse espaço de tempo, cada candidato irá apresentar por escrito, um diagnóstico da área e propor melhorias através de um plano de ação. O relatório que melhor atender às expectativas e apresentar melhores resultados para a organização, proporcionará ao profissional o cargo de gerente.

Um desses candidatos à vaga encontrava-se desmotivado com o salário e com as atividades por ele desenvolvidas. O convite deixou esse profissional entusiasmado com a oportunidade e assim ele procurou uma orientação para se preparar e se desenvolver profissionalmente. Algumas características como, proatividade, facilidade de relacionamento interpessoal, desenvolvimento de pessoas e conhecimento técnico da área, ele já possui. O aconselhamento de carreira, neste caso, está preparando o profissional para lidar com situações mais complexas e para atuar nas atividades que vão implicar no seu trânsito na arena estratégica. O profissional está desenvolvendo um planejamento para a área que ele vai assumir, assim como também um plano de ação visando propor, implementar e acompanhar mudanças juntamente com a equipe, que vão trazer resultados significativos para a organização.

Outro trabalho que está sendo realizado com este profissional é a sua preparação para assumir a liderança da área. Segundo Dutra (2010) as situações mais comuns nas empresas brasileiras, são os gerentes levarem para suas novas posições as responsabilidades que tinham no nível anterior. Isso acontece pela dificuldade de delegar responsabilidades anteriores para a equipe e o fato de se sentirem mais confortáveis, acumulando as novas e velhas responsabilidades. Portanto, para que este profissional consiga assumir uma posição de líder, foi desenvolvido um plano de ação onde ele criou um cronograma para delegar atividades e ensinar aos seus pares, as tarefas que ele não levará para outra área.

Com este exemplo, pretende-se mostrar que a questão sucessória dentro de uma organização, anda de mãos dadas com a carreira. Porque, enquanto o processo sucessório privilegia os interesses da empresa, a carreira é um espaço de conciliação de expectativas entre as pessoas e a organização.

Como o futuro reserva um espaço cada vez maior para os processos de orientação de carreira, cabe ao profissional buscar uma assessoria, desenvolver seu planejamento de carreira, dentro de uma visão realista, clara e apurada de suas qualidades, interesses e inclinações pessoais e estabelecer objetivos de carreira e preferências profissionais. Essa é uma alternativa importante para o desenvolvimento de pessoas e, conseqüentemente, da organização.

Referência:

DUTRA, Joel Souza. Gestão de carreiras na empresa contemporânea. São Paulo: Atlas, 2010.

 

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