19/06/2019 :: Criatividade: um dom ou uma conquista?

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2019-06-19

Criatividade: um dom ou uma conquista?

Um dos mais famosos apresentadores da TV brasileira, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, dizia, que “nada se cria, tudo se copia”. A sentença, parafraseada da famosa frase do químico Lavoisier, escancara a preferência das pessoas de não se aventurarem pelo novo ou na busca do inexplorado. Muitas, inclusive, se sentem mais seduzidas por modelos existentes, consolidados ou já chancelados por terceiros. Não é à toa que em nossa televisão, por exemplo, existem inúmeros programas com o mesmo formato e estrutura. Poucos são os que se arriscam com novas linguagens.

Eu, particularmente, sou adepta da frase original, defendida pelo químico francês, de que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. É justamente nessa capacidade de transformar o aparentemente imutável que reside o poder de criação inerente a qualquer ser humano.

Embora todos os modelos pareçam já terem sido explorados e reexplorados com insistência, acredito que sempre haverá uma nova perspectiva, um novo olhar ainda não percebido. E só é possível chegar nesta nova perspectiva aliando duas competências: observação analítica e estudo.

A primeira é característica intrínseca àqueles que não se deixam acomodar por modelos pré-determinados. Muito pelo contrário: estão sempre atentos às novas formas de fazer uma mesma tarefa. Costumo dizer que o profissional com observação analítica tem alta capacidade intertextual, ou seja, consegue usar os diversos aprendizados e experiências acumuladas ao longo da vida como ferramentas de criação. É um ser plural, que sempre vai pegar em seu ‘baú de expertises’, uma competência aqui, outra acolá e, com isso, criar uma solução nova, viável, atrativa e compatível à seu contexto.

Já o estudo é fundamental para o desenvolvimento da observação analítica. Quem foge do senso comum, consegue, por exemplo, ser mais estratégico, operacionalizar questões e desenvolver saídas para gerenciar crises. Isso sem falar que os estudiosos tendem a ser mais questionadores. Áh: E dificilmente são ludibriados. Sempre vão buscar a solução por meio da investigação, da análise e do método racional. Nesse caminho, a chance de se depararem com caminhos novos/diferentes ou mais atrativos é bem maior. Simplesmente porque estão com a mente aberta, antenados e desapegados de crenças limitantes.

Dito tudo isso só me resta afirmar, em resposta ao título deste artigo, que a criatividade é uma conquista. Você pode até ter feeling e insights para enxergar oportunidades e nichos ainda não alcançados em sua carreira, mas sem conhecimento técnico, obtido por meio de competências acadêmico-científicas, ou de know-how do mercado, atingir o novo torna-se tarefa árdua.

E digo mais: a criatividade é uma conquista que nunca chega a seu ápice, nunca se finda. Por sermos seres incompletos, sempre teremos a necessidade de ‘enchermos nossos potes’ com novos conhecimentos, capazes de nos levarem a lugares ainda não demarcados. Esse é o maior e mais fascinante sentido da vida: nunca deixar de aprender.

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